André De Rose
Eu costumo dizer que o Yoga não tem exercícios ou técnicas, mas sim desafios. Cada novo desafio completa um ciclo de aprendizado produzindo reações físicas e emocionais como uma resposta que completa mais um dado no quebra cabeças. Depois de um tempo você passa a entender quais são seus pontos fortes e fracos, quais suas reações diante de determinadas situações ampliando a sua consciência.
As peças que compõem o Yoga são analogamente relacionadas ao jogo de xadrez: não adianta saber como se movimentam os elementos, é preciso ser um enxadrista,. Não é possível ser apenas um técnico de Yoga! Se você sabe movimentar perfeitamente cada peça, mas não sabe o que fazer com seu conjunto e como combinar os seus movimentos, visando o desenvolvimento de um objetivo mais sutil, elas não o levarão a lugar algum.
Essas peças são catalogadas em grupos conforme a sua abordagem. Se estimulam o corpo e a sensibilidade passaram a se chamar ásana, se estimulam a respiração e a energia pránáyáma, se estimulam a voz e a concentração mantra e assim por diante. Esses grupos são interdependentes e podem ser combinados ad infinitum.
Um leigo pode naturalmente confundir Yoga com um método de desenvolvimento corporal com o qual se adquire alongamento muscular, flexibilidade articular e força. Mas isso ocorre na superfície e são os efeitos colaterais, o restante 80% acontece no seu intimo agindo sutil e silenciosamente sem que ninguém perceba.
Para que serve o Yoga?
Só para começar serve para resolver uma das maiores equações humanas, vivenciar a razão da sua própria existência. Note que eu não falei em descobrir, ou saber. Essa experiência transcende e muito a tomada de consciência, é mais do que isso você experimenta.
Existem ferramentas para alcançar esse tipo de percepção abaixo abordaremos algumas delas.
Ásana posições físicas altamente elaboradas para proporcionar alongamento muscular, flexibilidade articular e força. A primeira vista não passam de meros exercícios corporais, entretanto numa análise mais profunda provocam mudanças psicológicas profundas, alterando o comportamento, desenvolvem consciência corporal, noção dos pontos fortes e fracos, autocontrole, força de vontade, auto-percepção e uma infinidade de efeitos subjetivos, visando preparar o praticante para as técnicas mais introspectivas, partindo da premissa de que se você não controla nem mesmo suas funções motoras, como pode ter o mínimo de equilíbrio para lidar com questões emocionais? E o que diria então da mente?
Pránáyáma são mais conhecidos como exercícios respiratórios, mas como tudo no Yoga isso é apenas uma visão superficial da técnica. O que ela proporciona na maior parte do tempo é o controle da energia corporal com grande influência sobre o equilíbrio emocional. Catalisa uma enorme quantidade de alento para propiciar o desenvolvimento de um inacreditável vigor o despertar da kundaliní.
Mantra exercícios vocais elaborados segundo uma métrica precisa para ativação de percepções interiores levando a interiorização, concentração e meditação.
Yoganidrá método desenvolvido para conduzir um dedicado praticante ao estado intermediário entre o sono e a vigília. Usado geralmente em ocasiões que pedem um recondicionamento total da mente ou apenas um relaxamento profundo visando recuperar as energias.
Mudrá gestos geralmente executados com as mãos para alteração do comportamento, produzindo reações que vão da agitação à introspecção. Esses gestos atuam como senhas ou códigos de acesso ao subconsciente e inconsciente.
Samyama nome usado para designar três técnicas que são geralmente feitas em seqüência. Primeiro concentração (dháraná), depois meditação (dhyána) e por último o estado de iluminação interior (samádhi). Todo o Yoga está girando em torno desse exercício tanto para oferecer apoio quanto infra-estrutura.
Dentro do Yoga, também há a adoção de técnicas de limpeza orgânica (kriyás), honra às tradições ancestrais (pújá) e um código de conduta pessoal e social (yamas e niyamas) para alicerce da evolução.
A seqüência de técnicas acima exposta foi elaborada segundo o grau de importância dentro de um planejamento de evolução da prática a longo prazo. Levando em consideração que o corpo, sendo mais fácil de instrumentar, é o primeiro e mais lógico degrau para a conquista dos demais e assim por diante até ser levado naturalmente ao estágio mais subjetivo de consciência